Quem somos

A associação Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social (CoLABOR) é uma associação sem fins lucrativos, com selo de Laboratório Colaborativo atribuído desde a sua fundação em 2018, revalidado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) até 2028. 

Mobiliza recursos da academia, empresas, administração pública e organizações da economia social e solidária com vista ao aprofundamento do conhecimento de problemas presentes e antecipáveis em torno de três eixos de atividade:

  • Trabalho, emprego e tecnologia

  • Proteção social

  • Economia social e solidária

O CoLABOR posiciona-se face aos problemas complexos nestas áreas de atuação pela combinação de um carácter interdisciplinar, que combina contribuições de economia, sociologia, políticas públicas, direito, ciência de dados e ciência da computação.  A sua perspetiva interdisciplinar encara o trabalho e os sistemas de proteção social não como campos autónomos mas como complexos institucionais profundamente interligados, onde as características e mudanças numa área têm um forte efeito sobre a outra. 

O CoLABOR beneficia da natureza plural dos seus Associados, que congrega Academia (ISCTE-IUL, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Instituto De Direito Económico Financeiro e Fiscal da Universidade de Direito de Lisboa), Setor privado (Mota-Engil, Sonae, Delta Cafés, DST Group e CONFMINHO), Setor público (Câmara Municipal de Lisboa) e Setor da Economia Social e Solidária (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade). Os Associados trazem para as atividades do CoLABOR conhecimento tácito e científico, bem como garantia de ancoragem da agenda de investigação nas necessidades dos setores público, social e privado.

Assente na sua matriz fundamental de valores – que visa garantir o respeito por mulheres e homens no local de trabalho, através de atitudes e comportamentos que não ponham em causa a dignidade dos/as trabalhadores/as e propiciar um ambiente de trabalho promotor do seu desenvolvimento profissional e pessoal – em 2023 é aprovado o Plano de Igualdade de Género do CoLABOR e, instituindo inequivocamente o assédio no trabalho como uma inequívoca violação ao trabalho digno, o Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho.

VISÃO ESTRATÉGICA  

A agenda de investigação do CoLABOR parte de três grandes tendências, abordadas através das lentes do trabalho, emprego e proteção social:

  • A transição digital

  • A transição verde

  • A transição demográfica

O CoLABOR estrutura o seu trabalho em quatro linhas de ação: 

Transformações e Dinâmicas no Emprego

  • O CoLABOR tem vindo a debruçar-se sobre as mudanças nas dinâmicas do trabalho, emprego e relações laborais. Esta linha de ação incide, nomeadamente, sobre os impactos no emprego resultantes das transições digital, verde e demográfica, como a criação/destruição de emprego promovida pela automação, a descarbonização de produtos e processos industriais, ou o aumento do peso no emprego em serviços de saúde para a população mais envelhecida. O perfil de especialização económica e o posicionamento em cadeias de valor globais, são outras das questões centrais relevadas na linha de ação Mudanças nas dinâmicas de emprego.

  • Esta linha de ação tem como principais objetivos (i) identificar mudanças nos arranjos de emprego, competências e qualificações; (ii) mapear mudanças na estrutura de emprego e os seus impactos na qualidade de emprego e na proteção social; (iii) acrescentar valor a politicas de emprego públicas e privadas, à escala nacional, local ou organizacional; e (iv) explorar dados digitais que permitam deslindar mudanças em curso nas dinâmicas de trabalho e emprego.

Organização do trabalho e relações industriais

  • As transições digital, verde e demográficas não impactam apenas a criação/destruição de emprego. Para além desta dimensão, observam-se impactos no campo das relações laborais e da organização do trabalho que requerem uma compreensão profunda. Tendências emergentes como a platformização do trabalho, a digitalização, automação, teletrabalho, descarbonização ou a aprendizagem ao longo da vida vêm desafiar as relações tradicionais entre empregadores e trabalhadores, sindicatos, associações patronais e o Estado. O CoLABOR considera que estas mudanças têm uma importância central nas sociedades contemporâneas, e propõe-se a desenvolver trabalhos nesta área que suportem parceiros nas suas decisões e orientações estratégicas.

  • Esta linha de ação tem como principais objetivos: (i) tornar visíveis os diferentes processos através dos quais as transições digital, verde e demográficas impactam trabalhadores e a organização do trabalho; (ii) desenvolver respostas e orientações para desafios que trabalhadores e organizadores enfrentam nas dinâmicas de trabalho e emprego; e (iii) promover a cocriação de convergências entre empregadores, trabalhadores e processos regulatórios que contribuam para a garantia de condições laborais justas e para o progresso socioeconómico.

Transformações da Segurança Social 

  • A proteção social é o cerne do Estado Providência, tendo como principal objetivo aliar a eficiência económica com o progresso social por forma a assegurar o bem-estar de todos os cidadãos. Para este fim, é indispensável ter em consideração as forças motoras de mudança como sejam a transição digital, verde e demográfica. É visível que novas formas de trabalho e da sua organização - digitalização, empresas de plataforma - estão a desafiar os esquemas tradicionais de segurança social, deixando a descoberto um conjunto cada vez mais significativo de trabalhadores. Concomitantemente, a transição demográfica reflecte-se num envelhecimento em várias ocupações, e numa escassez de mão de obra em alguns sectores de actividade. Perante este contexto, o principal objetivo desta linha de ação é analisar a transformação do sistema de segurança social perante as transições identificadas, elaborando previsões acerca das propostas de reformas de política social, nomeadamente em termos dos seus impactos distributivos e de sustentabilidade.

  • Esta linha de ação tem como principais objetivos: (i) avaliar o modelo de financiamento da segurança social; (ii) identificar tendências de mudança com base na evolução da despesa e efeitos da legislação que estabelece o direito às diferentes prestações; (iii) avaliar as políticas sociais extraordinárias relacionadas com a pandemia (e.g.lay-off simplificado e AERT) seguindo uma abordagem custo-benefício; (iv) criar e otimizar um modelo de microsimulação como instrumento transversal à investigação em proteção social.

Avaliação de serviços sociais

  • Há uma necessidade crescente da proteção social incluir no seu âmbito de análise as dinâmicas económicas e demográficas (e.g. as dinâmicas familiares resultantes da maior integração das mulheres no mercado de trabalho), bem como as reformas do Estado-Providência (e.g. descentralização de competências do Estado Central para os municípios), o que significa uma necessidade de resposta em termos de políticas públicas e de produtos de inovação social.

    Os sistemas de saúde de longo prazo são chave para fazer face à transição demográfica, encontrando-se sob pressão para melhorar a sua capacidade e qualidade de resposta. Também a economia verde, a digitalização do trabalho e as transições demográficas enfrentam desafios tremendos que requerem um aumento da eficiência e sustentabilidade de financiamento, melhorias no acesso e redistribuição equitativa para gerar respostas sociais inovadoras ao mercado social onde, conjuntamente com as instituições sociais, mercados privados e fundos de investimento se tornaram mais relevantes.

  • Esta linha de ação tem como principais objetivos: (i) mapear os desafios sociais emergentes e as respetivas consequências para a sustentabilidade e modelo de governança dos serviços sociais; (ii) definição de um modelo sustentável de provisão e financiamento dos serviços de saúde que integre os serviços domiciliários e institucionais; (iii) desenhar propostas de modelos de governança dos serviços sociais em linha com a evolução administrativa do território.

INSTRUMENTOS CoLABOR

Integrados nestas linhas de ação, o CoLABOR está a desenvolver um conjunto de instrumentos inovadores baseados em tecnologias digitais.

  • É uma plataforma digital de sistematização, análise crítica e visualização de informação estatística e jurídica de âmbito internacional, nacional e local nas áreas do trabalho, emprego e proteção social. O seu desenvolvimento e manutenção são da responsabilidade do CoLABOR. Está disponível online em https://datalabor.pt desde novembro de 2020.

  • O Technology Impact Assessment Toolkit (TIAT) é uma ferramenta para investigar o impacto de novas tecnologias em organizações, nomeadamente na organização do trabalho, no emprego e nas relações laborais.

    Este instrumento pretende servir como apoio no processo de seleção e adoção de tecnologias mediante a avaliação de impactos e processos participativos. Enquanto metodologia sensível ao contexto, o TIAT pretende promover justiça social pelo envolvimento das partes interessadas nos processos reflexivos e de tomada de decisão a nível micro (organizações), meso (setorial) e macro (nacional).

    Pretendendo desenvolver este instrumento com base na aprendizagem e no conhecimento resultantes de projetos conexos, o CoLABOR deverá concluir um protótipo em 2023, desenvolvido continuamente nos anos seguintes.

  • Existe uma miríade de aspetos a serem considerados no que diz respeito à Proteção Social, num contexto de grandes mudanças nos planos tecnológico, demográfico, económico, social e ambiental. Face a estas mudanças, os esquemas de proteção social devem garantir uma proteção efetiva, combatendo possíveis consequências que daí advenham, como o aumento das desigualdades e da pobreza.

    Atendendo a esta complexidade e importância, decisores políticos devem estar equipados com ferramentas que permitam compreender o impacto das mudanças em curso e avaliar antecipadamente o impacto das várias alternativas de políticas.

    O CoLABOR encontra-se a desenvolver modelos de microsimulação dinâmicos para a projeção e avaliação de impacto de políticas de emprego, trabalho e proteção social. Serão simulados quatro modelos específicos: (i) demográfico; (ii) mercado de trabalho; (iii) proteção social; (iv) saúde.

    O desenvolvimento dos modelos de microsimulação dinâmicos deverá estender até 2026.

  • O Jobs and Occcupations Based Search (JOBS) visa contribuir para a informação disponível associada à procura e oferta de emprego através de um instrumento digital capaz de recolher e analisar estes dados em tempo-real. Esta função é cumprida através de uma contínua procura, análise e recolha (scraping) de anúncios de oferta e procura de emprego em plataformas de acesso público. Os dados acumulados que são recolhidos por esta ferramenta irão popular uma base de dados longitudinal e possibilitar análises variadas sobre tendências de emprego.

    O CoLABOR prevê iniciar o desenvolvimento desta ferramenta em 2023, terminando um protótipo no final deste ano. O desenvolvimento posterior deverá estender-se até ao ano de 2026.